Depois de eu comunicar papai que tinha criado um blog, depois de ele ter pedido o endereço, depois de eu ter dado...ele finalmente perguntou: “Mas o que é isso, de onde tu tiraste isso?” O que já estava sendo pensado foi na hora ratificado: eu precisava explicar. Por isso, esse post aqui. A intenção é tentar, em linhas gerais, dizer como foi o processo de titulação deste blog. Vamo nessa.
Em uma noite em que a insônia tomava conta de mim, comecei a listar títulos que pudessem dizer algo de mim, chamar a atenção ou mesmo expressar o que eu queria com o blog. Consegui uns sete. Com linhas diferentes, mas sempre tentando me representar, claro. Antes, eu pensava que eu era boa com títulos, mas meu chefe não curtia muito, eu acho...reclamava, às vezes.
Enfim, pensei no jornal, que é uma das minhas principais paixões...pensei no que era mais importante em um jornal. A headline! Manchete, a capa. E pensei na sensação que eu tinha, quando era repórter, e tinha uma chamada de capa, uma foto rasgada com um texto que ocupavam a metade da capa ou o que era melhor: a manchete! Ah, quão agradável [é, óbvio, também preocupante, por outro lado] é o peso de uma manchete! Por isso, achei que se eu pudesse resumir a vida queria que as chamadas dela estivessem todas na capa: não com tragédias ou desgraças, mas com fatos tão importantes e gloriosos que não pudessem caber em outro lugar, que não na capa. Me lembrei também de como o trabalho da gente tem que sempre querer ser espelho, sempre ser o melhor que se pode fazer ou dar...exatamente aquilo que vai na capa! Por isso, eu, jornalista, quero cobrir a capa. Trazer informações essenciais – não só ao dia, não só pelo que rolou ontem, por exemplo, mas à vida dos outros. Os conselhos, as dicas, as experiências...que sejam todas dignas de capa...verdadeiras headlines.
Mas ainda faltava algo. Algo de mim que não estava revelado no título primário – que consta no endereço do blog. Era a transparência. Era a minha parte pessoal e peculiar. Essa era, em certo termo, contrária à descrição anterior. Filosofei, então. Fui buscar o conceito de personagem, de máscaras e das várias faces que as pessoas por vezes costumam assumir. E pensei que essas eram “capas” que, para mim eram estranhas, avessas, desnecessárias. Capas que eu faria questão de perder, de retirar. Dos outros, com a remoção da falsidade, da corrupção ou das mentiras para agradar.
Descobrindo a capa porque se deixa cair o que cobre, o que protege, o que mantém escondido. Descobrir é revelar, é trazer á tona e deixar à mostra, visível. Transparente. Exatamente como eu apareço. De um lado e de outro, feliz, sorriso de orelha a orelha. Zangada, cara amarrada, sem gracejo ou conversa. Triste, lágrimas escorrem pelo rosto facinho facinho. E, como aqui é o lugar de exposição de mim e do que eu penso, então, tiro qualquer capa e me apresento, despida, diante de ti, leitor.