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A melhor realidade é sim para os sonhadores.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

About choices...


É uma questão de exaustão até à perfeição. O problema inteiro são as escolhas para que tudo esteja pronto. Se se parar pra pensar, a vida, cada simples e ligeiro fôlego dela, é uma decisão em andamento. E a constante submissão às opções não nos faz experts em acertos. Aqui, no mundo real, não há treino que nos faça gabaritar. O esforço é todo dia, numa incansável e eterna luta contra as circunstâncias fora do cálculo. O risco só é risco porque está fora do controle. De A a E, ou mesmo entre o certo e o errado, não temos fórmulas pro resultado desejado. Na verdade, de tão subjetiva, a vida é quase sempre nenhuma das respostas anteriores.

Escolhe-se a cor do lápis de cor do desenho, do esmalte de unha, da parede do quarto, do enxoval do bebê. O nome do colégio, da assinatura profissional, da página na internet, do livro que se vai ler amanhã. Escolhe-se o curso da faculdade, o garoto da paquera no colegial, o lugar pra comer o cachorro-quente no sábado à noite ou a cidade onde se vai passar as férias de verão. O sabor do suco, do sorvete e dos dias. É, dos dias também. Basta ter decidido quem vai nos acompanhar na vida. 

Entranhada na infinitude, no mergulho de olhos fechados, está a incapacidade de prever o que virá. Ao mesmo tempo em que é belo, o desconhecido torna-se mais que apenas uma interrogação. Ele vira uma reticência que nos imbui à aventura da descoberta ou ao pavor da espera, da inércia. 

Racionalizar tudo, permitir nada. Querer descobrir cada enigma da cadeia dos comportamentos humanos previamente. Cogitar reações, medir respostas, provocar sensações e despertar intenções... A tentativa é viciante, a conquista, impossível. Não fosse a inexperiência diária da lida com os diferentes, os rascunhos não existiriam. Seriam apenas os modelos, os textos escritos a caneta, os bonecos fabricados em série e a monotonia das figurinhas repetidas, abertas todos os dias, com a expectativa do novo e a frustrante aparência do antigo. 

O que cabe a nós, colecionadores, é a habilidade para – entre encontros, desencontros e reencontros -, acharmos as figurinhas que nos faltam, na velocidade em que nos passam as horas, até que o álbum esteja preenchido. Nomes, cores e sabores – todos – em seus devidos espaços. 

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Cotas de amor



Sou dos excessos. Das colheres a mais. Do sono de menos. Da medida que nunca enche. Dos olhos que sempre enchem. De vida, de esperança, de dissabor.
Sou da doação sem culpa. Do esforço sem limite. Da entrega sem troca.
Nada de cotas de amor. Nenhum perigo de dor à prestação. Fora de cogitação as lágrimas em conta-gotas. Que seja amor à vista, custe o que custar. Cachoeira de choro, paixões vertiginosas.
À flor da pele a cada palavra. Borbulhar de medos, tensões e emoções. Controle sem pilha. Paleta de cores colorida de indecisão: nuance a nuance. Cogitação de palavras, imaginação de cada pensamento.
Não às réguas que tomariam a métrica do amor. Seja tolo o quanto for. Seja injustamente sofrido, nenhuma razão. Seja simples às avessas, que se consome até que a chama queira apagar. Seja vivo e voraz. Sozinho em acordar e livre pra jogar-se sem cálculo, sem certeza. Tiro no escuro. Roleta russa. Loteria.
Não me pergunte quantas porções. Nunca me ofereça rifas. Quantas cartelas me garantem o prêmio? Quantas porções completam minha refeição? Sirvo apenas sem moderação. Remediar em overdose. Nunca doses homeopáticas.
O equilíbrio me falta. Ainda que insistam em me dedicar caixas, em me imprimir disciplina, dela me escorro. Esvaio. O exagero me inunda. Cada extremidade minha treme. Sente. Toca. E de um encostar de dedos a um abraço apertado, a intensidade é uma só. A maior. Em máxima potência.
Quando o bem vira uma faca de dois gumes, o perigo cerca todos os lados. Mas quando jorra o sangue bom, o sacrifício vale a pena. O amor estanca toda dor. Acalma todo pavor. Arrebata e derruba a mais segura defesa. A esperança de toda luta é a vitória final. Nem que seja no suspiro conjunto. Nem que seja no sorriso completo em dois.


quinta-feira, 28 de abril de 2011

Receita do não-fazer

Não me leva aonde eu não posso chegar sem saber o caminho de volta. Não me diz o que eu quero ouvir esperando que eu reaja conforme teu desejo. Não joga sujo pra eu te dar carta branca. Não me telefona pra sentir meu tom. Não me segue se tu não consegues andar nos trilhos.

Não tenta me deixar quando a noite calar, eu escuto o sussurro da tua partida. Não me prende tentando te livrar. Não finge a dor que tu sentes. Não para querendo voar. Não me incita pensando te salvar. Não me força a te ler no escuro. Não me atira de cima do muro. Não viaja com a minha bagagem. Não me cega apostando que eu caio. Não me vira pra esconder o teu erro. Não me joga a toalha na cara. Não detalha a história antiga. Não me impede de comprar tua briga.

Não trama o mal por bondade. Não sacode a poeira pra dentro. Não me deita invocando meu sono. Não anima o meu tanto faz. Não me promete mãos atadas, Não adia esperança atrasada. Não me leva no banho maria. Não me frita até que eu esquente. Não prega se não quer ficar junto. 

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Resoluções de Ano Novo

Se me aventurei por lugares onde nunca tinha pisado, se falei com pessoas cujos rostos nunca havia visto, se esperei o potencial virar real, de 2011, eu quero mais.
Ou menos. Depende do que seja.

Quero mais certezas, menos opções. Logo, menos dúvida. Mais convicção.
Quero menos ansiedade. Menos brutalidade. Mais força. Menos sensibilidade. Mais paciência. Menos inércia. Mais agilidade. Menos velocidade. Mais cautela. Menos medo. Mais equilíbrio. Sempre intensidade.

Quero mais trabalho. Menos intransigência. Mais parceria. Menos arrogância. Mais liberdade. Menos hipocrisia. Mais responsabilidade. Menos imposição. Mais conquista. Mais respeito. Mais cumplicidade. Menos invasão. Mais competência. Mais experiência. Menos reclamação. Mais dinamismo.

Quero mais confiança. Nenhuma mentira. Nenhuma exceção. 
Quero mais disciplina. Menos insegurança. Mais bom humor. Toda a graça.
Quero aprender boxe. Fazer sushi. Ir pro exterior. Reconhecer sotaques.
Quero um carro. Uma célula. Um amor.

Quero organizar. Meus arquivos. O guarda-roupa. Meu coração.
Quero ver o nascer e o por do sol. A lua cheia. Cahoeira e mar.
Quero poupar. Dinheiro. Tempo. Lágrimas.
Quero falar idiomas novos. Me adaptar às mudanças de clima.
Quero fazer ponte aérea como quem faz baldeação em SP.

Quero pegar sol até mudar de cor e dançar na chuva sem preocupação.
Quero não titubear. Não gaguejar. Não ter os dois pés atrás.
Quero chorar junto e continuar a rir sozinha. Enquanto houver paredes.
Quero a razão de Salomão e o coração de Davi.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Minha Casa, modelo 2011

Em 2011, quero ser a casa do tamanho ideal. Que me caiba, que receba as visitas, que hospede os amigos e onde habite o Espírito. Pra sempre. Decidi não ser uma casa na montanha. Seria, se fosse uma condição para estar perto do Altíssimo. Mas não é. Ficar isolada, não ter acesso facilitado, me tornar ausente dos outros: não. Decidi não ser casa de praia. Elas são agradáveis e atraentes, mas não para uma vida toda. São para o fim de semana, para as férias. Para a diversão, pro descanso.
Decidi ser uma casa de bairro. De condomínio. Daquela ao alcance dos vizinhos que precisarem de uma xícara de açúcar. Portas abertas a quem procurar alento, palavra ou doçura. Mas segura o suficiente para evitar os ladrões. Os que quiserem roubar a paz ou a alegria. Destes, proteção garantida.
Em 2011, quero arrumar a casa. Quero rasgar os papeis e tudo o que eu insisto em amontoar dentro do quarto ou nos armários. Quero que o essencial esteja à mão e eu o supérfluo fique onde deve: no lixo. Quero que tudo esteja no lugar antes que cheguem. Por isso, os detalhes serão vistos e revistos.
Espero ter uma mesa farta, sempre posta e a ceia, servida. Que não falte o Pão da vida, azeite e vinho – unção e alegria do Senhor. Quero dedicar tempo ao meu lar. Lavar as roupas, limpar os cômodos, personalizar tudo. Organizar. Não quero ser pega de surpresa. A lamparina estará cheia de azeite. Pra que não falte luz. E pra que o noivo possa me achar pronta.
As cores terão harmonia. A decoração, irretocável. Haverá redes na varanda. É o espaço dos sonhos, das reflexões e da liberdade. Mas também um escritório: é a sala do planejamento, do estudo, da razão e dos pés no chão. O que abolimos deste projeto em construção foi a falta de medida. O desequilíbrio. Aqui, o que importa é que haja simetria. Correspondência e coerência.
Como dizia Shakespeare e há uns anos uma amiga querida me aconselhou: “Plante seu jardim, decore sua alma, ao invés de ficar esperando que lhe tragam flores”. Desejo que a minha casa tenha um belo jardim, cuidado e regado diariamente, pra que haja sempre flores perfumadas a serem entregues de presente a quem aparecer por aqui. Por mim.