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A melhor realidade é sim para os sonhadores.

sábado, 30 de outubro de 2010

Na caixinha!

Olhava fixamente pro meu celular. Branco, retangular, abre em slide. Na mente, comparei-o a uma caixinha. De música. E passei então a me dar conta da razão deste post. Nós vivemos encaixotados. Estamos presos nos cubinhos em que cabemos melhor. Não é mais a época em que a tecnologia, por exemplo, é uma extensão de nós. Na verdade, hoje em dia, ela nos superou. É maior que nós. Nos envolve e leva para dentro.

E nós não reclamamos. Os fones de ouvido espalhados no meu quarto que me fazem parecer um gatinho enrolado em um novelo de lã também me denunciam. A caixa do celular naquele exato momento era para mim o refúgio. Uma outra vida que eu tinha escolhido viver fora dessa. Ou dentro. Como queira. É a caixinha do tamanho perfeito que me leva para onde eu quero sem o ônus do deslocamento. E com o bônus da criatividade. A imaginação borbulha. São rostos construídos, sorrisos refeitos, sons transformados em imagens. Ando como se o “pause” da vida real abrisse um link pra o paralelo, uma espécie de mistura de sensações e pessoas na qual me encontro sempre que trago lembranças verdadeiras e presenças virtuais.

Pulo para uma caixa maior. Dessa vez são as conexões do modem que me reportam ao universo do qual sou íntima ainda que na teoria. Ou melhor, em uma prática experimentalmente limitada. Sem toque, sem nada palpável. São as letras que traduzidas podem ser o que quisermos. Ai, como escorregamos na interpretação. Sim ou não de difícil visibilidade. Nada nítidos. Palavras afetuosas viram rapidamente violentas no instante em que brigas genuínas aparentam calor de carinho.

Ao mesmo tempo, dentro das caixinhas, temos redes. Redes que não embalam somente nossos corpos. Elas movem nossas mentes, aumentam a velocidade de nossas sinapses e nos mantêm sempre em contato. Não nos dão descanso como as de outrora. Quase nunca nos fazem relaxar, afora quando as usamos para desfrutar das risadas que podemos partilhar com um ou outro. Mesmo desconhecidos. A semelhança? Ambas as redes nos põem em suspensão. Elas nos deixam sem os pés no chão. Flutuando. Twitter, facebook, Orkut e o que nos envolver na interface do aparente e do dito. Entre o bendito e o maldito, todas as palavras são escutadas. Lidas. Expostas. Mesmo quando no silêncio das entrelinhas.