Quem sou eu

Minha foto
SLZ/BSB, MA/DF, Brazil
A melhor realidade é sim para os sonhadores.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Minha #retrospectiva2010

21 de dezembro de 2010.


Hora de calcular. Amores, deixei alguns de onde vim. Amigos, fiz mais uns quando cheguei. O jornalismo como eu o conheci, aprendi a controlar [ficou em standby], mas é pra vida. Até que a morte nos separe. Dinheiro, tive mais, gastei mais e precisei de mais ainda. Mas falta nunca houve. Sobrou dúvida, inquietação, novidade, conhecimento. Sensação de liberdade, de responsabilidade, de maturidade. Tudo junto e misturado. 


Viajei, passeei, me perdi por onde nunca antes tinha pisado e me achei onde tantas vezes visitei: aqui, por dentro de mim. É, o que antes era uma visita com hora marcada virou papo de comadre, confidências de horas a fio. Choro desmedido. Humor descoberto. Vida reconhecida. A simplicidade dos detalhes de antes surgiu com mais vivacidade na cor e a companhia em mim só ganhou um corpo todo. Tive medo, ouvi Deus. Percebi contrastes, analisei cenários, estudei pessoas e recebi reações incomuns.


Aprendi o que é sangue frio. Vi como se comportam os de cá. Notei que quanto maior a cidade, maior o xingamento. Paguei mais tarifa por saque no cash eletrônico do que comi de almoço nos finais de semana da pós-graduação. Senti saudades de casa. Dei valor ao calor da minha cama. Decidi ser mais segura. Tive de escolher a firmeza. 


Contei até dez mais de cem vezes. E por vezes, não consegui chegar lá. Quis amar à enésima potência e meu fôlego não alcançou. O coração planejou bombear o amor pra fora de mim. Dei o que eu pude. Garanti sorrisos belos, gargalhadas verdadeiras e divinamente gostosas. Não consegui estancar algumas lágrimas. Eram necessárias. Orei, então. Senti dor quando não devia. Me tornei mais criativa do que imaginava possível. Fui egoísta e generosa. Companheira e solitária. Fiel a mim e a quem esteve ao meu redor.


Descobri que não há descrição para o prazer de trabalhar com paixão. Estudei comunicação de mercado. Menos ideal, mais real. Executei tarefas em grupo. Tive que ceder. Fui tão exigente quanto sempre. Tentei ser mais tolerante. Falhei.


Segui conselhos e abdiquei de caprichos. A outros, dediquei empenho. Me esmerei, me superei. Tentei organizar. Comecei a escrever. Criei blogs. Falei de amor às escuras. Publicizei pensamentos. Opinei, dei ideias, calei. Um silêncio barulhento, cujos sons eram nitidamente ouvidos a cada gesto ou expressão facial que escapavam de mim. Senti falta de um cafuné. De rede, De um beijo. De guaraná Jesus. De praia. Da luz que me acordava todo dia, na fresta do meu quarto.


Aprendi que frila é um estado permanente de um jornalista. Frilei – e frilarei. Reuni com desconhecidos, estudei mídias sociais. Criei uma conta no twitter e outra no facebook. Deixei minha voz gravada na rádio, mesmo sabendo que era um horror. Soube que SS não é só sigla pra Silvio Santos, mas é nota máxima (10) no dialeto acadêmico brasiliense. Morei sozinha. Cozinhei pra mim e sempre dosei errado. Comida sobrou, a louça não. Varri a casa, tive crise de coluna, fui arrastada pro hospital. Lavei a roupa na máquina. Escolhi panos de prato.


Fiz mudança. Desliguei o botijão de gás pra evitar incêndio. Tomei banho vestida. De chinelos. Desenvolvi dotes manuais. Fui mais mulherzinha. Constatei que sou um gênio de madrugada. Ideias jorram da mente num horário indevido. Arrumei minhas malas. Assisti aos jogos da copa sozinha. Gritei com as paredes, reclamei com o juiz no outro continente. Vi os símbolos nacionais todo dia e me senti mais brasileira. 


Justifiquei meu voto pela primeira vez. Dirigi o carro alheio. Esperei filas longas em aeroportos, fiz escalas, pesquisei passagens. Comprei roupas de frio. Nunca me acostumei com as viradas de tempo. Fui mais a shoppings que em toda a minha vida. E a teatros também. Dividi a geladeira com trocentas pessoas. Comeram meu bolo sem que eu permitisse. Aprendi a tricotar. Fiz as unhas quase diariamente.


Me virei. E cá estou, fazendo as contas pro fim da semana, quando toda a bagagem deste ano se resumirá no sorriso que - pretendo eu – levar de volta pra casa e por onde eu andar. E nos braços abertos. Pra acolher a quem se dispuser a estar comigo e a quem queira me abraçar. Sorriso e abraço. Presentes de graça em 2011.


PS: Criei coragem pra dizer tudo e, no final, fiquei na respiração funda acompanhada de um suspiro: um bom começo ou um melancólico fim.