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A melhor realidade é sim para os sonhadores.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sobre "headlines"

Depois de eu comunicar papai que tinha criado um blog, depois de ele ter pedido o endereço, depois de eu ter dado...ele finalmente perguntou: “Mas o que é isso, de onde tu tiraste isso?” O que já estava sendo pensado foi na hora ratificado: eu precisava explicar. Por isso, esse post aqui. A intenção é tentar, em linhas gerais, dizer como foi o processo de titulação deste blog. Vamo nessa.
Em uma noite em que a insônia tomava conta de mim, comecei a listar títulos que pudessem dizer algo de mim, chamar a atenção ou mesmo expressar o que eu queria com o blog. Consegui uns sete. Com linhas diferentes, mas sempre tentando me representar, claro. Antes, eu pensava que eu era boa com títulos, mas meu chefe não curtia muito, eu acho...reclamava, às vezes.
Enfim, pensei no jornal, que é uma das minhas principais paixões...pensei no que era mais importante em um jornal. A headline! Manchete, a capa. E pensei na sensação que eu tinha, quando era repórter, e tinha uma chamada de capa, uma foto rasgada com um texto que ocupavam a metade da capa ou o que era melhor: a manchete! Ah, quão agradável [é, óbvio, também preocupante, por outro lado] é o peso de uma manchete! Por isso, achei que se eu pudesse resumir a vida queria que as chamadas dela estivessem todas na capa: não com tragédias ou desgraças, mas com fatos tão importantes e gloriosos que não pudessem caber em outro lugar, que não na capa. Me lembrei também de como o trabalho da gente tem que sempre querer ser espelho, sempre ser o melhor que se pode fazer ou dar...exatamente aquilo que vai na capa! Por isso, eu, jornalista, quero cobrir a capa. Trazer informações essenciais – não só ao dia, não só pelo que rolou ontem, por exemplo, mas à vida dos outros. Os conselhos, as dicas, as experiências...que sejam todas dignas de capa...verdadeiras headlines.
Mas ainda faltava algo. Algo de mim que não estava revelado no título primário – que consta no endereço do blog. Era a transparência. Era a minha parte pessoal e peculiar. Essa era, em certo termo, contrária à descrição anterior. Filosofei, então. Fui buscar o conceito de personagem, de máscaras e das várias faces que as pessoas por vezes costumam assumir. E pensei que essas eram “capas” que, para mim eram estranhas, avessas, desnecessárias. Capas que eu faria questão de perder, de retirar. Dos outros, com a remoção da falsidade, da corrupção ou das mentiras para agradar.
Descobrindo a capa porque se deixa cair o que cobre, o que protege, o que mantém escondido. Descobrir é revelar, é trazer á tona e deixar à mostra, visível. Transparente. Exatamente como eu apareço. De um lado e de outro, feliz, sorriso de orelha a orelha. Zangada, cara amarrada, sem gracejo ou conversa. Triste, lágrimas escorrem pelo rosto facinho facinho. E, como aqui é o lugar de exposição de mim e do que eu penso, então, tiro qualquer capa e me apresento, despida, diante de ti, leitor.

Diariamente com os leões

Tarde chuvosa de quinta-feira. Desde terça à noite penso em postar alguns dos meus devaneios aqui, mas me faltava coragem. Adquiri-a não sei aonde.

Enfim, é engraçado como as pessoas passam a demonstrar preocupação diante de uma situação nova. Incrível como se mostram condescendentes e solícitas sempre quando aparentemente estamos sós e elas, em um conforto que a distância pode proporcionar. Não digo isso tentando culpar alguém: creio inclusive que seja uma atitude involuntária e quase sempre acredito na boa vontade e na afeição de todos [talvez isso seja mau]. Mas é bacana verificar que há um roteiro pré-estabelecido de perguntas. Mas parece que as pessoas querem ter um lead pronto, pra repassar a informação - ainda que mínima.
Ao mesmo tempo, dá pra ver que o sentimento de solidão apavora. O povo teme por si no meu lugar. É uma espécie de misericórdia. Não só de quem está efetivamente sozinho, mas quem imagina como pode ser ficar sem ninguém com suporte do lado.
Digo, não no meu caso, embora tenha vindo e esteja só nessa nova terra. Ainda assim, encontrei quem esteja comigo, encontrei braços hospitaleiros de quem veio do Maranhão e é grato pelo que Deus fez. Deus mesmo tem me dotado de uma força que eu jamais pensei que me sobreviria. Impressionante. Ele tem me ensinado a ser paciente e a crer que nada acontece sem que Ele haja. E faça. É como Daniel na cova dos leões: esperou que Deus agisse. Nada mais podia ser feito, a não ser confiar e depender plenamente.

As novidades me deixam ocupada. Cada detalhe ao qual antes atribuía valor mínimo pode assumir um peso maior, cada vez que eu mesma passo a executar as tarefas. Compras no supermercado sem um carro à disposição são capazes de exigir malabarismo, equilíbrio extra até pra atravessar a rua. Limpar uma casa na qual não se sabe onde está escondido cada produto de limpeza é um desafio também. Cozinhar, até sair de casa na chuva e sem o nome do ônibus na cabeça.
Sair sem saber que caminho se vai tomar, qual direção correta é meio assustador. Mas perguntar sempre ajuda. E isso eu aprendi direitinho. O valor das palavras, a força da expressão e essencialmente o poder de uma interrogação sanada...miraculosos. Perguntar é fácil, não custa nada, e sempre vai te trazer algum retorno. No silêncio, no simples "eu não sei" - que traz o conforto de não se estar só na ignorância - ou em indicações. Práticas, contam pra acelerar e facilitar o dia a dia. Teóricas vão além. Nos fazem notar o outro. Encontrá-lo no meio de tantas ideias próprias, perceber a diversidade.

Mas voltemos ao assunto. Isso tudo gera um friozinho na barriga. Uma insegurança inédita. Mas a partir do momento em que tudo vai sendo descortinado, descoberto, conhecido e até reiventado - do jeito Carol de ver as coisas -, o prazer e a tranquilidade chegam. Sensação digna do final do ciclo das 24h, após matar mais um dos leões que ainda virão. Todos os dias.