
A Bíblia é clara: “Sobretudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”. Portanto, o coração precisa ser protegido, bem escondido. Afinal, ele é a maior jóia do corpo, de onde pulsa a vida e tudo o que vem com ela ou tudo o que ela traz. Cada sentimento, cada emoção, ficam dentro dele e – dependendo de quem – saem, transbordam, vibram e viram sorrisos, lágrimas, amor palpável, tangível.
É assim com corações transparentes. Conheço alguém que tem um! Na verdade, tenho acesso a uma linhagem de pessoas que tem corações assim. Não cabe a nós julgar o critério hereditariedade aqui, mas pode-se falar que o coração transparente é ainda mais valioso. Embora pareça mais frágil a quem tem sua posse, ele fala mais. Na verdade, grita. Se expõe, sem medo. Anuncia tudo quanto por ele passa. Ele jorra sangue quando precisa, por quem precisa, dá vida sempre e continua na perseverante batida das batidas em ritmo. Nunca falha. Só quando todo o trabalho foi finalizado.
É puro, limpo, em sua essência. Sem maldade ou mácula. Sem sombras, é o que é. Exatamente. E é nessa ausência de opacidade, que o brilho dele fica ainda mais intenso. Até o que queria ser secreto, o que queria ficar no escuro, vem à luz. Avesso do avesso do avesso que é igual. Coerente. É, coração, fundo sem fundo. Aquele onde sempre cabe mais um vira – na real – um armazém infinito de vidas. Vidas que se aproximam espontaneamente ou que sem pedir são transplantadas para ele, como em uma cirurgia sem volta. Com uma urgência inexplicável, as pessoas vão sendo postas.
Mas não é qualquer um que vai para vitrine. Lá, aparente, só devem ficar os desejáveis. Afinal, o que é exposto deve ser o melhor. Funciona assim nas lojas: as roupas da moda ou as de marca reconhecida, as mais caras têm preferência; da mesma maneira, nas feiras, as maçãs vermelhinhas e os peixes fresquinhos tomam a frente dos demais produtos. Deve ser assim na vida também. Corações transparentes devem ser somente aqueles capazes de dar exemplo. Aqueles que tem preciosidades a serem apresentadas. Amor desmedido, cuidado exagerado, misericórdia sempre, bondade à vontade, perdão! Células de vida que pulsam dentro de um comando compassado dia a dia e que só podem aumentar quando divididas, compartilhadas. Não é mesmo?
Como diz a descrição de um blog (www.rafaellacsouza.blogspot.com), “pra falar de coisas minhas, para o mundo, eu tive que renunciar as coisas que eu tinha que esconder (mas quem não sabe, ou pode ver, meu rosto transparente, minh'alma nada opaca, meu coração translúcido!?)”. Verdade, Rafinha. Quem não pode ver o que está sempre à mostra?
Quanto a guardar, já sabemos que o esconderijo mais seguro é nas mãos dAquele que o criou e que constantemente o preenche com ingredientes tão nobres. Ele – a nossa fonte – é quem deve manter as minifontes protegidas e devidamente abastecidas.
O texto é sobre corações generosos e alcançados pela Graça mais infinita do mundo: a de Jesus. Tenho o privilégio de conhecer bem gente assim. Minhas “filhas” todas tem em si o dom de multiplicar a VIDA que alimenta os corações: o amor.